terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Os estatutos do sindicalismo revolucionário (AIT)

I-Introdução
A luta secular entre explorados e exploradores tomou uma amplitude ameaçadora. O Capital, onipotente, levanta novamente sua cabeça monstruosa. Apesar da lutas intestinas que desagregam a burguesia do capitalismo cosmopolita, estes se encontram unidos em relação a objetivos comuns, que os permitem se lançarem com unidade e força sobre o proletariado e atrela-lo ao carro triunfante do Capital.
O capitalismo se organiza, e da situação de defesa que se encontrava, se lança agora a uma ofensiva em todas as frentes da classe trabalhadora. Esta ofensiva tem sua origem profunda em causas bem concretas: na confusão das ideias e princípios que existe nas filas do movimento dos trabalhadores; a falta de claridade e de coesão sobre as finalidades atuais e futuras da classe trabalhadora; na divisão em inumeráveis setores, o que constitui debilidade e desorganização do movimento dos trabalhadores.
Contra este ataque cerrado e internacional dos exploradores de toda laia, não cabe mais que o emprego de um só procedimento: a organização imediata do exército proletário em um organismo de luta que recolha em seu seio todos os trabalhadores revolucionários de todos os países, constituindo com eles um bloco de granito contra o qual irão se espatifar todas as manobras capitalistas e que em fim acabariam esmagadas pela força de nosso enorme peso.
Este movimento de emancipação não pode aceitar as linhas de condutas indicadas por aquelas tendências do movimento trabalhador que aspiram a harmonia entre o capital e o trabalho, desejando uma paz internacional com o capitalismo e se encorporando no Estado burguês. Tão pouco pode aceitar as tendências que propagam os princípios da ditadura do proletariado, contrários a finalidade de maior liberdade possível e do bem-estar para todos, pois estas são as finalidades de todos os trabalhadores conscientes.
Contra a ofensiva do Capital e contra os políticos de todas as matizes, os trabalhadores revolucionários de todo o mundo devem levantar uma verdadeira Associação Internacional dos Trabalhadores, em que cada membro saiba que la emancipação da classe trabalhadora não será possível até que os próprios trabalhadores, em sua qualidade de produtores, preparem suas organizações econômicas para retomada da posse das terras, das fábricas e se capacitar, também, para administra-las em comum, de maneira que eles se encontrem em condições de assegurar a produção e assegurar a vida social.
Com esta perspectiva e com está finalidade diante de si, o dever dos trabalhadores consiste na participação de toda ação que implique fins de transformação social, sempre com a intenção de se aproximar a realização de nossos próprios fins; fazendo sentir, na dita participação, o peso de nossa própria força, esforçando-nos para dar a nosso movimento, pela propaganda e organização, os meios necessários que permitam substituir a seus adversários. O mesmo, em todas partes onde seja possível, há de realizar nosso sistema social a título de modelo e exemplo, e nossas organizações devem exercer, dentro de suas possibilidades, a máxima influência sobre as outras tendências para incorpora-las em nossa própria ação, a saber, a luta comum contra todos os adversários estatais e capitalistas, sempre tendo em conta as circunstâncias do lugar e do tempo, mas conservando fielmente as finalidades do movimento emancipador dos trabalhadores.
II- Os princípios do sindicalismo revolucionários
1.O sindicalismo revolucionário, se baseando na luta de classes, tende a união de todos os trabalhadores dentro das organizações econômicas e de combate, que lutem pela libertação do jugo do capital e do Estado. Sua finalidade consiste na reorganização da vida social lastreando-a sobre a base do Comunismo Libertário e mediante a ação revolucionária da classe trabalhadora. Considerando que unicamente as organizações econômicas do proletariado são capazes de alcançar este objetivo, o sindicalismo revolucionário se dirige aos trabalhadores em sua qualidade de produtores, de criadores de riquezas sociais, para germinar e se desenvolver entre eles, em oposição aos modernos partidos trabalhistas, a quais se declaram sem capacidade para reorganização econômica da sociedade.
2.O sindicalismo revolucionário é inimigo convicto de todo monopólio econômico e social, e tende a sua abolição mediante a implantação de comunas econômicas e de órgãos administrativos regidos pelos trabalhadores dos campos e das fábricas, formando um sistema de livres conselhos sem subordinação a nenhum poder e nem a partido político algum. O sindicalismo revolucionário levanta, contra a política do Estado e dos partido, a organização econômica do trabalho, opõe ao governo do homem sobre outro homem, a gestão administrativa das coisas. Não é, portanto, a finalidade do sindicalismo revolucionário a conquista dos poderes políticos, e sim, a abolição de toda função estatal na vida da sociedade. O sindicalismo revolucionário considera que com a desaparecimento do monopólio da propriedade deve desaparecer, também, o monopólio da dominação, e que toda forma de Estado, encoberto de qualquer jeito, nunca poderá ser um instrumento de libertação humana, mas pelo contrário, será sempre o criador de novos monopólios e novos privilégios
3.O sindicalismo revolucionário tem uma dupla função a cumprir: de prosseguir a luta revolucionária de todos os dias por melhoramento econômico, social e intelectual de classe trabalhadora dentro dos limites da sociedade atual, e a educar a população para que esteja apta para uma gestão independente no processo de produção e de distribuição, assim como para retomar a posse de todos os elementos da vida social. O sindicalismo revolucionário não aceita que a organização de um sistema social que alivia de forma total o produtor, possa ser ordenado por uma simples decreto de lei governamental, e afirma que somente se pode acontecer pela ação comum de todos os trabalhadores manuais e intelectuais, em cada ramo da industria, pela gestão, dentro das fábricas, dos mesmos trabalhadores, de tal maneira que cada agrupamento, fábrica ou ramo da industria seja um membro autônomo no organismo econômico geral e ordene sistematicamente, sobre um plano determinado e sobre a base de acordos mútuos, a produção e a distribuição de acordo com o interesse da comunidade.
4.O sindicalismo revolucionário é oposto a todas as tendências de organização inspiradas no centralismo do Estado e da Igreja, porque só podem servir para prolongar a vida do Estado e da autoridade, e para conter sistematicamente o espírito de iniciativa e de independência do pensamento. O centralismo é a organização artificial que atrela as chamadas partes baixas as intituladas superiores, e que abandona nas mãos de uma minoria a regulamentação dos assuntos de toda comunidade (o indivíduo se converte em um autômato de gesto e movimentos rígidos). Na organização centralista os valores da sociedade são abandonados pelos interesses de alguns, a variedade é substituída pela uniformidade, a responsabilidade pessoal é substituída por uma disciplina unânime. É por esta razão que o sindicalismo revolucionário se baseia na concepção social dentro de uma ampla organização federalista, a saber, da organização debaixo para cima, da união de todas as forças sobre a base de idéias e interesses comuns.
5.O sindicalismo revolucionário rechaça toda atividade parlamentar e toda colaboração com os organismos legislativos, porque entende que o sistema de sufrágio mais livre não pode fazer desaparecer as evidentes contradições que existem no seio da sociedade atual, e porque o sistema parlamentar só tem um objetivo: o de prestar uma simulação de direito ao reino da mentira e das injustiças sociais.
6.O sindicalismo revolucionário rechaça todas as fronteiras políticas e nacionais, arbitrariamente criadas, e declara que o chamado nacionalismo só é a religião do Estado moderno, atrás da qual se encobrem os interesses materiais das classes possuidoras. O sindicalismo revolucionário não reconhece outras diferenças que as de ordem econômica, regionais e nacionais, produto das quais surgem hierarquias, privilégios e opressões de todo tipo (por raça, sexo, sexualidade ou qualquer diferença percebida ou real), e reivindica para toda agrupamento o direito a uma autodeterminação acordada solidariamente a todas a outras associações de mesma origem.
7.É por idênticas razões que o sindicalismo revolucionário combate o militarismo e a guerra. O sindicalismo revolucionário recomenda a propaganda contra a guerra, e a substituição dos exércitos permanentes, o que só são instrumentos da contra-revolução a serviço do capitalismo, por milícias de trabalhadores que durante a revolução serão controladas pelos sindicatos de trabalhadores; exige, em todo caso, o boicote e o embargo contra todas as matérias primas e produtos necessários para a guerra, a exceção de caso em que se trate de um país donde os trabalhadores estão realizando uma revolução de tipo social, cujo o caso há de ajuda-los na defesa da revolução. Finalmente, o sindicalismo revolucionário recomenda a greve geral preventiva e revolucionária como meio de ação contra a guerra e ao militarismo.
8.O sindicalismo revolucionário reconhece a necessidade de uma produção que não danifique o meio ambiente, que procure minimizar o uso de recursos não renováveis e que utilize sempre que seja possível alternativas renováveis. Identifica a ganância de lucro e não a ignorância como causa da crise meio ambiental atual. A produção capitalista sempre busca minimizar os custos para conseguir um nível de lucros cada vez mais elevado para sobreviver, e não pode proteger o meio ambiente. Concretamente, a crise mundial tem se acelerado em face da latifúndios comerciais e exportadores em detrimento da agricultura de subsistência. Isto tem causado a destruição das selvas tropicais, fome e enfermidades A luta para salvar nosso planeta e a luta para destruir o capitalismo devem ser conjuntas ou ambas fracassaram.
9.O sindicalismo se afirma partidário da ação direta, e sustenta e incentiva todas aquelas lutas que não estejam em contradição com suas próprias finalidades. Seus meios de luta são: a greve, o boicote, a sabotagem, etc. A ação direta encontra sua expressão mais profunda na greve geral, em que deve ser, ao mesmo tempo, no ponto de vista do sindicalismo revolucionário, o preludio da revolução social.
10.Inimigo de toda violência organizada por qualquer classe de governo, o sindicalismo revolucionário tem a conta que se produzirá confrontos violentíssimos durante as lutas decisivas entre o capitalismo de hoje e o comunismo livre de amanhã. Por conseguinte, reconhece a possibilidade de violência como meio empregado para defesa contra os métodos violentos empregados pelas classes dominantes durante as lutas mantidas contra o povo revolucionário pela expropriação de terras e dos meios de produção. Como esta expropriação só poderá ser iniciada e levada a um final feliz pela intervenção direta das organizações econômicas revolucionárias dos trabalhadores, a defesa da revolução deve se encontrar também em mãos dos organismos econômicos e não nas mãos de uma organização militar ou semelhante que se desenvolva marginalmente.
11.É unicamente nas organizações econômicas e revolucionárias da classe trabalhadora que se encontra a força capaz de realizar sua libertação e a energia criadora necessária para a reorganização da sociedade a base do comunismo libertário.
III-Nome da Organização Internacional
O laço internacional de luta e de solidariedade que une as organizações sindicalistas revolucionárias do mundo inteiro se chama Associação Internacional dos Trabalhadoras (A.I.T).

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